Levei bronca no sonho


Todo mundo aqui já tomou uma chamada de atenção histórica de pai e mãe na vida, né? Depois de uma semana intensa, cheia de desafios e saudade, tomei “um pito”. Muito mexida em visitar as instalações do Hospital do Câncer de Rio Verde, que me trouxe lembranças e sensações recentes (como se eu tivesse esquecido por algum tempo, aham), essa noite dormi na tranquilidade da minha cama 5 dias depois de estar fora de casa. Uma pedra... daqueles sonos que você já nem lembra onde está. E não é que me transportei para um carro com meus pais? Até no banco de trás eu estava justamente pra me lembrar qual o lugar que me cabe na hierarquia da vida quando o assunto é família. No volante, o mediador da conversa: o João. No passageiro: a Cirinha. Lá estava ela, serena e linda. Quando comecei a chorar, ela me interrompeu: “sabe qual o problema de vocês? Querem me ver por toda a parte”. Só consegui responder “mas é que temos saudade”. E ela só riu. 
Meu pai começou a contar algumas coisas sobre mim pra ela porque eu mesma, uma inútil, só chorava, claro. E a resposta dela pra quase tudo: “isso eu sei”, “ah, isso eu vi”. Tudo com um sorriso no rosto e olhar debochado pra mim. A conversa não teve um encerramento cinematográfico, só acordei e fiquei pé cá...pé lá. Querendo voltar, mas também com a sensação de ter entendido o recado. Não vemos, só sentimos. Alguém disse que a viu numa festa recente, por perto. Não viu. Ela só pode ser sentida porque está por toda parte. Ao meu lado, ao lado de minha irmã, do meu sobrinho e coladinha no meu pai. E a gente, mãe, vai parar de tentar te achar e começar a ter certeza que você acompanha tudo, o tempo todo, e está mais atualizada do que o plantão da Globo, como sempre. A gente não tem que procurar o que a gente não perdeu.
Bronca aceita, bronca interpretada. 

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